Não deixes

Ontem vi-te próximo de minha casa. Estavas com aquele teu casaco preto que te dá um ar de aventureiro que apaixona... Que contraste com a tua pele clara e os teus cabelos tão loiros com uma maciez irresistível!
Não me viste. Fiquei a olhar para ti ao longe, mas nem um segundo sorriste para mim...
Estavas próximo mas a distância era grande entre nós.
Aproximei-me um pouco mais enquanto olhavas para o céu, fundindo o teu olhar nesse azul profundo. Aproximei-me tanto que a tua voz ecoava no meu coração como a música da minha vida.
Aproximei-me tanto que foste embora naquele dia e nem reparei.
Estiveste comigo nessa noite, quando vinha da faculdade. Continuavas com aquele casaco que me fascinava e com o mesmo cachecol de há três dias. Sentei-me no banco de trás na mesma carruagem que tu ias e fiquei a observar-te na minha frente. A tua voz voltou a enfeitiçar-me de ternura e emoção e quando acordei deste meu transe, já era de manhã e a minha cama estava demasiado aconchegante para desejar levantar-me.
Sabes qual foi o meu primeiro pensamento? Tu.
Estiveste sempre nos meus sonhos e ofereceste-me um gelado enquanto víamos aquele filme ao ar livre. Até me emocionei e abraçaste-me. Disseste que não querias que eu me quebrasse com aquele sofrimento todo e protegeste-me dos olhares de troça na minha direcção.
As lágrimas que caiam não brotavam de mim apenas pela tristeza daquele filme que arrepia, mas também por saber que o sonho desapareceria no próximo amanhecer e não queria largar-me do teu abraço e voltar a ver-te ao longe...
Continua a abraçar-me e protege-me da luz que quer acordar-me. Não deixes, abraça-me... Abraça-me!

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