Não queiras saber de mim...




"Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim"



Não queiras saber de mim
Enquanto cá estou, sinto a dor e o ódio, sinto a dor e o amor. Ambos me envolvem no meu adormecer tão pouco pleno e tantas vezes perturbado pela lembrança serena de dias de dor, ódio e amor. Não queiras porque esta noite não sou toda eu que cá me encontro, falta-me metade de mim que só reage com a felicidade presente.

Hoje eu não me recomendo
Recomendar-me a ti é uma ilusão que já esteve nítida mas que se vai dissolvendo pouco a pouco nas graças das recordações envoltas em ardores felizes e deprimentes. Recomendar-me é difícil por não cá estar na totalidade e não me querer no teu tão quente abraço que sempre me envolve num pensar caloroso e triste.

Fico fora do combate como se chegasse ao fim
Sinto as duras batalhas desesperadamente vazias e as frias espadas a entranhar-se em mim numa rigidez revoltada de pouco abrigo e uma solidão desolante. O ponto final vai chegando sem nunca chegar e o fim que se aproxima não me consegue animar a alma por no fundo desejar que este fim nunca se aproxime de mim.

Quando a tristeza bate, pior do que eu não há
A positividade que me costuma caracterizar encontra-se tão pouco saliente hoje que só desejo amanhã acordar completa de sentidos e sorrisos de satisfação verdadeira e não com um fingimento declarado de alegrias não sentidas.

Mas nem isso faz sentido, só agrava o meu estado
Redobro toda a tristeza por não ter uma real certeza do que quero afinal. Sinto a dor, o ódio e o amor a cruzarem-se no meu caminho e entre estas teias de mistérios e dúvidas redobro também a atenção num eu que vai desaparecendo aos poucos.

Quanto mais brilha a tua luz, mais eu fico apagada. 
Porém, nunca brilho mais do que tu, que preenches os meus pensamentos de ternura e da tão presente tristeza que desperta o meu lado desolador cujas lágrimas escorrem num peito já de si manchado. Vou apagando os meus sentidos e descubro ausência constante de vozes de sonoridade tão bela com expressões meigas e audazes bem como ausência do calor que transmitem em cada abraço aconchegante e saudoso.

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